sábado, 29 de outubro de 2016

Adoração da Verdade.

Ainda é muito difícil de aceitar de que nada sabemos com certeza, ou sobre a existência do acaso sem significado oculto em fenômenos. Ainda hoje, é deturpado o sentido da asserção “não sabemos de nada com certeza”, ou de “não há verdade absoluta”, a compreensão é difícil, asserções nebulosas. Quando dizemos às pessoas, principalmente àquelas orientadas por um conhecimento tradicional ou com moral tradicional, as asserções são violentas como um coice, chocam. A insegurança toma conta de seu mundo: “o que aprendemos então não serve para nada? Vamos então queimar os livros? Então, para que serve estudar?”. Alguns não aceitam a validade das asserções, outros se frustram, outros sentem-se angustiados, outros podem recusar durante sua vida e à outros, é estimulante!
Quando Gottlob Frege afirma em seu artigo sobre “Sentido e Referência"(1982), ele afirma sobre a pressuposição de referencias, de objetos reais no mundo, apresentados a nós do jeito em que os percebemos, como eles se apresentam ao nossos sentidos. Tal formulação contrapõe-se à concepção de referencial direto, contido no objeto, ou aparentemente ao objeto. Damos espaço ao mundo experimental, dado de presente pelas ciências naturais, onde nenhum objeto é exatamente do jeito que ele se apresenta, não é tão simples como vemos.
Schopenhauer no século XIX assume uma posição com uma máxima “O MUNDO É MINHA REPRESENTAÇÂO” (Mundo como Vontade e como Representação), nisso ele assume: categorias as quais nós percebemos e julgamos o mundo, pertencem apenas à nós seres humanos, e às vezes até relativa a povos. Não podemos dizer que a tão famosa lua que vemos, é vista do mesmo jeito à todos os povos, apenas pressupomos ser àquilo (Frege de novo...). Pensemos ainda, não seria muita presunção ainda acharmos que o mundo é o molde de nossos sentidos, ou de nossa percepção? Ou acharmos ter a possibilidade de perceber a “verdadeira realidade” (inteligível).
Bom, nossos olhos, são ótimos, as imagens refletem ao contrário em nosso nervo óptico, e percebemos o espectro de cores: vermelho, verde e azul. Quanto uma borboleta, percebe os mesmos espectros de cores, e alguns mais, além de conseguir perceber a radiação ultravioleta.  Ou um cão, embora sua visão limitada, ouve desde frequências, tanto mais baixas quanto mais altas, o que aos seres humanos é inaudível. E porque logo a verdadeira realidade das coisas deveriam logo ser no molde de nossas representações?
 Há quem possa tentar rebater com o fato dos filósofos tradicionais formularem essas hipóteses a partir da matemática: geometria e aritmética. Bom, a própria percepção de figuras geométricas, é uma categoria representacional apenas de humanos, tanto que para aprendermos a desenhar, olhamos para a geometria dos objetos (algo apenas intuitivo, uma curiosidade, mas não válido como dizer que nosso cérebro percebe os objetos em categorias geométricas). E nem essa percepção é exata como são as figuras euclidianas. Devemos sempre perceber, que a origem dessas hipóteses devem-se à um sistema moral de crenças e também de uma sede de certezas.
Estamos no  século XXI e é sustentável dizer afirmar “aquilo que é, é” ou “o que não é não é”, o “o que é outro não pode ser o mesmo”. Bom, Stephen Hawking em “O Grande Projeto” reafirma a posição das representações. Pois, nosso sentido se limita não só aos seus limites perceptíveis como à circunstâncias, como a luz de estrelas que são desviadas por órbitas gravitacionais, o tempo de sua trajetória... Enfim, ainda há percepções de diferentes culturas, como a cultuada lua. Quando descrito por Carl Sagan no terceiro capítulo de “O mundo assombrado pelos demônios”, cada cultura atribui um significado na lua, umas pela percepção de categorias de formas de face de nosso cérebro, até fenômenos estocásticos ocorridos à um certo estado lunar.


E a ciência nisso tudo? São sovas formas, novas categorias, servem para aumentar mais o limite de nossa percepção. Seus dados devem corroborar uns com os outros. Essa pode ser uma diferença da pura racionalidade de um individuo que diz o que é a verdade, mas ela esbarra nos limites das verdades de outro. Entre “verdades” e mais “verdades”, demos créditos à aquilo que podemos colocar em cheque, duvidemos. Verdade pode não existir em sua forma absoluta, mas podemos tentar encontrar de forma necessária. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Natural de Pensar Deus.

Quando eu pensava sobre a facilidade de aceitar tudo que é divino, eu pensava ainda no que chamo de divino comércio – concepção que talvez eu desenvolva futuramente neste blog, sobre o caráter indulgente da sociedade ter mais familiaridade com formas de venda ou de pedir, associadas a religião. Também pensava na substituição do ódio que certas igrejas oferecem, quando utilizam do preconceito e da ignorância, pregam palavras de ordem e autoritárias, fazendo com que muitos fieis usassem esse tipo de extravasamento, principalmente com pessoas violentas ou reprimidas, usando-se da igreja para usar uma violência “sadia”  e um preconceito permitido por seus sacerdotes. Mas sentir ódio demanda muito do corpo, então finalmente um programa de rádio me fez pensar no vício, na facilidade que o cérebro tem para classificar coisas do divino.
Por isso, logo pensei na proposta que Nietzsche nos ofereceu sobre o pensamento religioso, é mais fácil, nos economiza energia, nos deleita. É fácil demais o cérebro se sentir à vontade quando falamos de um vício, quando esse vício é Deus.
Ora o vício em coisas ilícitas ou pouco aceitas pela moral, é algo mal visto, difícil de admitir, é difícil até para um notório viciado admitir seu vício (mesmo que outros saibam) ou mesmo percebê-lo. Mas e quando a religião intervém com um vício considerado “bom”? Seria então o “bom vício” o vício em Deus?
Bom, ao que parece, algumas igrejas protestantes o tratam como o melhor dos narcóticos, um narcótico melhorador, fácil de conseguir, estimulante e principalmente: ACEITÁVEL!
Deus o mais delicioso dos narcóticos, o qual todos deveriam experimentar e usá-lo na sua vida. Como Nietzsche notou “fácil e delicioso” para o cérebro, mais forte, capaz de superar remédios para controle da psicoquímica de viciados, ou só um vício qualquer?


Teríamos que olhar para dentro do corpo para afirmar isto com mais clareza. Oh grande Evolução, tu fizeste-me crer em Deus!? Evolução que me fizestes a ficar preso as respostas do Divino!? Oh não! Estou pensado a evolução como uma entidade, assim como deus, como a metafísica. Essa ferramenta chamada evolução é apenas uma forma classificatória para que possamos descrever certos fatos, evidencias e hipóteses. Este tal deus, que é apenas uma ferramenta criada pelo princípio de conservação de energia do meu corpo (cérebro). E ele conserva?