Ainda é muito difícil
de aceitar de que nada sabemos com certeza, ou sobre a existência do acaso sem
significado oculto em fenômenos. Ainda hoje, é deturpado o sentido da asserção “não
sabemos de nada com certeza”, ou de “não há verdade absoluta”, a compreensão é
difícil, asserções nebulosas. Quando
dizemos às pessoas, principalmente àquelas orientadas por um conhecimento
tradicional ou com moral tradicional, as asserções são violentas como um coice,
chocam. A insegurança toma conta de seu mundo: “o que aprendemos então não
serve para nada? Vamos então queimar os livros? Então, para que serve estudar?”.
Alguns não aceitam a validade das asserções, outros se frustram, outros
sentem-se angustiados, outros podem recusar durante sua vida e à outros, é estimulante!
Quando Gottlob Frege afirma
em seu artigo sobre “Sentido e Referência"(1982), ele afirma sobre a
pressuposição de referencias, de objetos reais no mundo, apresentados a nós do
jeito em que os percebemos, como eles se apresentam ao nossos sentidos. Tal
formulação contrapõe-se à concepção de referencial direto, contido no objeto,
ou aparentemente ao objeto. Damos espaço ao mundo experimental, dado de presente
pelas ciências naturais, onde nenhum objeto é exatamente do jeito que ele se
apresenta, não é tão simples como vemos.
Schopenhauer no século
XIX assume uma posição com uma máxima “O MUNDO É MINHA REPRESENTAÇÂO” (Mundo
como Vontade e como Representação), nisso ele assume: categorias as quais nós
percebemos e julgamos o mundo, pertencem apenas à nós seres humanos, e às vezes
até relativa a povos. Não podemos dizer que a tão famosa lua que vemos, é vista
do mesmo jeito à todos os povos, apenas pressupomos ser àquilo (Frege de
novo...). Pensemos ainda, não seria muita presunção ainda acharmos que o mundo
é o molde de nossos sentidos, ou de nossa percepção? Ou acharmos ter a
possibilidade de perceber a “verdadeira realidade” (inteligível).
Bom, nossos olhos, são
ótimos, as imagens refletem ao contrário em nosso nervo óptico, e percebemos o espectro
de cores: vermelho, verde e azul. Quanto uma borboleta, percebe os mesmos
espectros de cores, e alguns mais, além de conseguir perceber a radiação ultravioleta.
Ou um cão, embora sua visão limitada,
ouve desde frequências, tanto mais baixas quanto mais altas, o que aos seres
humanos é inaudível. E porque logo a verdadeira realidade das coisas deveriam
logo ser no molde de nossas representações?
Há quem possa tentar rebater com o fato dos
filósofos tradicionais formularem essas hipóteses a partir da matemática: geometria e aritmética. Bom, a própria percepção de figuras geométricas, é uma
categoria representacional apenas de humanos, tanto que para aprendermos a
desenhar, olhamos para a geometria dos objetos (algo apenas intuitivo, uma
curiosidade, mas não válido como dizer que nosso cérebro percebe os objetos em
categorias geométricas). E nem essa percepção é exata como são as figuras
euclidianas. Devemos sempre perceber, que a origem dessas hipóteses devem-se à
um sistema moral de crenças e também de uma sede de certezas.
Estamos no século XXI e é sustentável dizer afirmar “aquilo
que é, é” ou “o que não é não é”, o “o que é outro não pode ser o mesmo”. Bom,
Stephen Hawking em “O Grande Projeto” reafirma a posição das representações.
Pois, nosso sentido se limita não só aos seus limites perceptíveis como à circunstâncias,
como a luz de estrelas que são desviadas por órbitas gravitacionais, o tempo de
sua trajetória... Enfim, ainda há percepções de diferentes culturas, como a cultuada
lua. Quando descrito por Carl Sagan no terceiro capítulo de “O mundo assombrado
pelos demônios”, cada cultura atribui um significado na lua, umas pela
percepção de categorias de formas de face de nosso cérebro, até fenômenos
estocásticos ocorridos à um certo estado lunar.
E a ciência nisso tudo?
São sovas formas, novas categorias, servem para aumentar mais o limite de nossa
percepção. Seus dados devem corroborar uns com os outros. Essa pode ser uma
diferença da pura racionalidade de um individuo que diz o que é a verdade, mas
ela esbarra nos limites das verdades de outro. Entre “verdades” e mais “verdades”,
demos créditos à aquilo que podemos colocar em cheque, duvidemos. Verdade pode
não existir em sua forma absoluta, mas podemos tentar encontrar de forma
necessária.